quarta-feira, 8 de julho de 2009

"Inferno" - Hieronymus Bosch


O Dr. X (vamos manter o anonimato na medida do possível), do Departamento de Física da Universidade de Aveiro é conhecido por fazer perguntas do tipo: "Porque é que os aviões voam?".
A sua única questão na prova final de Maio de 1997 para a turma da cadeira de "Transmissão de Movimento, Massa e Calor II" foi:
O INFERNO é EXOTÉRMICO OU ENDOTÉRMICO? Justifique a sua resposta."(ou seja, pretendia saber se o Inferno é um sistema que liberta calor ou que recebe calor).


*

Vários alunos justificaram as suas opiniões baseados na Lei de Boyle ou em alguma variante da mesma, mas houve um aluno, Y, que respondeu o seguinte: «Primeiramente, postulamos que, se as almas existem, então devem ter alguma massa. Se tiverem, então uma mol de almas também tem massa. Então, em que percentagem é que as almas estão a entrar e a sair do inferno? Eu acho que podemos assumir seguramente que uma vez que uma alma entra no inferno nunca mais sai. Por isso, não há almas a sair. Para as almas que entram no inferno, vamos dar uma

olhadela às diferentes religiões que existem no mundo hoje em dia.

*

Algumas dessas religiões pregam que, se não pertenceres a ela, então vais para o inferno. Como há mais de uma religião desse tipo e as pessoas não possuem duas religiões, podemos projectar que todas as pessoas e almas vão para o inferno. Com as taxas de natalidade e mortalidade da maneira que estão, podemos esperar um crescimento exponencial das almas no inferno. Agora vamos olhar para a taxa de mudança de volume no inferno.

*

A Lei de Boyle diz que para a temperatura e a pressão no inferno serem constantes, a relação entre a massa das almas e o volume do Inferno também deve ser constante.

Existem então duas opções: 1) Se o inferno se expandir numa taxa menor do que a taxa com que as almas entram, então a temperatura e a pressão no inferno vão aumentar até ele explodir. 2) Se o inferno se estiver a expandir numa taxa maior do que a de entrada de almas, então a temperatura e a pressão irão baixar até que o inferno se congele.

*

Então, qual das duas opções é a correcta? Se nós aceitarmos o que me disse a Teresa, minha colega do primeiro ano: "Haverá uma noite fria no inferno antes de eu ir para a cama contigo" e levando em conta que ainda NÃO obtive sucesso na tentativa de fazer amor com ela, então a opção 2 não é verdadeira. OU SEJA, O INFERNO é EXOTÉRMICO.»

quinta-feira, 2 de julho de 2009




Vejamos como mudaram os tempos...


Situação: O fim das férias.


Ano 1978: Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana
puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias.
No dia seguinte vai-se trabalhar.

Ano 2008: Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.


Situação: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.


Ano 1978: Não se passa nada.

Ano 2008: As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.

Situação: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.


Ano 1978: O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.

Ano 2008: A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a portada escola.

Situação: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.


Ano 1978: Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos eacabam por ir juntos jogar matrecos.

Ano 2008: A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.

Situação: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

Ano 1978: Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.

Ano 2008: Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.

Situação: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.


Ano 1978: O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai àuniversidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.

Ano 2008: Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.

Situação: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.


Ano 1978: Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.

Ano 2008: A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.

Situação: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro.


Ano 1978: Depois de uns socos esquivos, levantam-se e vão cada um para sua casa. Amanhã são colegas.

Ano 2008: A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação: Fazias uma asneira na sala de aula.


Ano 1978: O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'.

Ano 2008: Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

quarta-feira, 1 de julho de 2009


MST no Expresso...


Miguel Sousa Tavares
8:00
Segunda-feira, 29 de Jun de 2009

"Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis.
Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga: - Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade. Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás...
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa. - Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente: - Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou: - Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!"

terça-feira, 30 de junho de 2009

"Gosto mesmo é do Verão..."


Alguém disse a Sir Bertrand Russell:

<< - Você, afinal, não é um democrata, tem um comportamento aristocrático relativamente aos que não pensam como o senhor...
- Engana-se.
É por ser verdadeiramente democrata que desprezo, aristocraticamente, pessoas que pensam como você.>>

Revista Pública / 2000

sábado, 27 de junho de 2009

As Mulheres...
Os pés.
Os pés em riste, das Mulheres!
A beleza na ponta dos pés...

Definição de Política!

- Pai, preciso fazer um trabalho para a escola! Posso fazer-te uma pergunta?
- Claro, meu filho, qual é a pergunta?
- O que é a política, pai?
- Bem, política envolve: Povo; Governo; Poder económico; Classe trabalhadora; Futuro do país...
- Não entendi nada. Dá para explicares melhor?
- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo: sou eu quem traz dinheiro para casa: então eu sou o poder económico. A tua mãe administra, gasta o dinheiro: então ela é o governo. Como nós cuidamos das tuas necessidades, tu és o povo. O teu irmãozinho é o Futuro do país e a Zefinha, a nossa criada, é a classe trabalhadora. Entendeste, filho?
- Mais ou menos, pai. Vou pensar.

Naquela noite, acordado pelo choro do irmãozinho, o menino, foi ver o que havia de errado. Descobriu que o irmãozinho tinha sujado a fralda e estava todo emporcalhado. Foi ao quarto dos pais e viu que a mãe estava num sono muito profundo. Foi ao quarto da criada e viu, através da fechadura, o pai na cama com ela. Como os dois nem ouviram o menino a bater à porta, ele voltou para o quarto e adormeceu. Na manhã seguinte, à hora do café, o miúdo falou com o pai:

- Pai, agora acho que entendi o que é a política.
- Óptimo filho! Então explica-me com palavras tuas.
- Bom, pai, acho que é assim: enquanto o poder económico f*** a classe trabalhadora, o governo dorme profundamente... O povo é totalmente ignorado e o futuro do país fica na m*****!!!

sábado, 20 de junho de 2009

Hummmmm...



Eduardo Prado Coelho, antes de falecer -25/08/2007 -teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos. Façam uma leitura atenta.



Precisa-se de matéria-prima para construir um País!
Eduardo Prado Coelho - in "Público"

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país...
- Onde a falta de pontualidade é um hábito
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano
- Onde há pouco interesse pela ecologia
- Onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois,reclamam do governo por não limpar os esgotos
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria-prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier. Qual é a alternativa ? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados ! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos.
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?... MEDITE!
EDUARDO PRADO COELHO

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Deve-se ter cuidado com o que se deseja... às vezes realiza-se!!!

quarta-feira, 6 de maio de 2009


Para relaxar...



E esta, hem??
São oito minutos e valem a pena!
*
"O Futuro é mesmo ali ao virar da esquina!"
*
*
*
*
*

terça-feira, 5 de maio de 2009


PROVÉRBIOS PARA GENTE CULTA...

*
*
*
Expõe-me com quem deambulas e a tua idiossincrasia augurarei.
(Diz-me com quem andas e te direi quem és)
*
*
Espécime avícola na cavidade metacárpica, supera os congéneres revolteando em duplicado.
(Mais vale um pássaro na mão, que dois a voar)
*
*
Ausência de percepção ocular, insensibiliza órgão cardial.
(Olhos que não vêem, coração que não sente)
*
*
Equídeo objecto de dádiva, não é passível de observação odontológica.
(A cavalo dado não se olha o dente)
*
*
O globo ocular do proprietário torna obesos os bovinos.
(O olho do amo engorda o gado)
*
*
Idêntico ascendente, idêntico descendente.
(Tal pai, tal filho)
*
*
Descendente de espécime piscícola sabe locomover-se em líquido inorgânico.
(Filho de peixe sabe nadar)
*
*
Pequena leguminosa seca após pequena leguminosa seca atesta a capacidade de ingestão de espécie avícola.
(Grão a grão enche a galinha o papo)
*
*
Tem o monarca no baixo ventre.
(Tem o rei na barriga)
*
*
Quem movimenta os músculos supra faciais mais longe do primeiro, movimenta-os substancialmente em condiçõesexcepcionais.
(Quem ri por último ri melhor)
*
*
Quem aguarda longamente, atinge o estado de exaustão.
(Quem espera, desespera)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Mas...

"Somos um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas,
sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes,
a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas somos capazes de sacudir as moscas …"

Guerra Junqueiro
"Pátria" / 1896

*******************

"O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."
Eça de Queiroz
"Uma Campanha Alegre" /1871

quarta-feira, 22 de abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009


A Glória e a Consciência



"Preparamo-nos para as circunstâncias eminentes mais por glória do que por consciência. A maneira mais curta de alcançar a glória seria fazer por consciência o que fazemos pela glória. E a virtude de Alexandre parece-me apresentar muito menos vigor no seu espectáculo do que o faz a de Sócrates naquela actuação banal e obscura. Facilmente imagino Sócrates no lugar de Alexandre; Alexandre no lugar de Sócrates, não consigo. Se alguém perguntar àquele o que sabe fazer, ele responderá «subjugar o mundo»; a quem perguntar a este, ele dirá «conduzir a vida humana em conformidade com a sua condição natural» - ciência bem mais geral, mais difícil e mais legítima. O mérito da alma não consiste em ir alto, e sim ordenadamente.



Michel de Montaigne, in 'Ensaios'

Elf Detection 101

How to find the hidden folk of Iceland.

By Juliet Lapidos

Posted Tuesday, March 10, 2009, at 6:42 PM ET


An article on Iceland's de facto bankruptcy in the April issue of Vanity Fair notes that a "large number of Icelanders" believe in elves or "hidden people." This widespread folklore occasionally disrupts business in the sparsely populated North Atlantic country. Before the aluminum company Alcoa could erect a smelting factory, "it had to defer to a government exper! t to scour the enclosed plant site and certify that no elves were on o r under it." How do you find an elf?
With psychic powers. According to a poll conducted in 2007, 54 percent of Icelanders don't deny the existence of elves and 8 percent believe in them outright, although only 3 percent claim to have encountered one personally. The ability to see the huldufólk, or hidden folk, can't be learned; you're just born with it. To find elves, seers don't really need to do anything—they'll just sense an elfin presence. The Vanity Fair article says that elf detection can take six months, but it's usually a quick process that can last under an hour. And although the magazine claims that a "government expert" had to certify the nonexistence of elves, the Icelandic Embassy insists that these consults are performed by freelancers, not government! contractors.

The huldufólk are thought to live in another dimension, invisible to most. They build their homes inside rocks and on craggy hillsides, and they seem to favor lava formations. The port town of Hafnarfjördur, near Reykjavík, is thought to have a particularly large settlement of elves—as well as other mystical beings like dwarves (who also fit under the broad category of huldufólk). According to local clairvoyants, the huldufólk royal family lives at the base of a cliff in that town.
Elf-spotting is an intergenerational phenomenon in Iceland, although more children than adults report seeing huldufólk. Indeed, it's thought that many who are born clairvoyant lose the ability after the age of 8 or so. Furthermore, it's not just Icelanders who have this capacity—theoretically, anyone, from any country, can have the power to communicate ! with elves. Clairvoyants see elves year-round, sometimes in their own backyards, but Christmas Eve and New Year's Eve are considered especially good occasions for elf-spotting. That's because according to some legends, these holidays are traditional moving days for the huldufólk. Elves often dress in old-timey, 19th-century outfits like homemade-looking ankle-length skirts, and they come in all sizes. There are thought to be at least 13 types of elves, some of whom are as tall as humans. Others, like the Blómálfar, or flower elves, are just a few inches tall.

When Icelanders try to build roads or settlements through elf dwellings, the elves are said to go bonkers—causing equipment failures and other problems. In the early 1970s, for example, contractors trying to move a large rock to make way for a highway near Reykjavík hired a clairvoyant, Zophanías Pétursson, after experiencing several minor mishaps. Pétursson detected the presence of elves and claimed to obtain a waiver from the supernatural cre! atures so that work could progress. But the elves weren't finished: A bulldozer operator who had helped move the stone fractured a water pipe that fed into a fish farm, killing thousands of trout hatchlings.
Although Pétursson apparently failed to mollify the highway-hating elves, huldufólk experts believe negotiation is possible. If a construction supervisor suspects he might be heading into an elfin zone or just wants to rule out the possibility, he can hire a medium (by asking for a reference from the Icelandic Elf School, for example). Elves sometimes agree either to move or to let a construction project go forth unimpeded as long as the workers don't blow up their nearby dwelling.

A minority of construction projects face elf-related delays. But if a clairvoyant reports seeing elves hanging about a particular rock, an Icelander will probably think twice before blowing! it up to make way for a swimming pool. And as the New York Times reported in 2005, planning councils in towns with sizeable elf populations, like Hafnarfjördur, try to keep elfin-interests in mind."

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Hmmmmmmmmmmmmm............



Cheguei e disse: - Oh, não há gajas?


sexta-feira, 3 de abril de 2009

Não estou cá...
Ou talvez esteja!
Sou uma charada!
E gosto...